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Etapa prática da capacitação sobre manejo clínico da hanseníase é realizada na Policlínica Oswaldo Cruz em Porto Velho


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Referência estadual em hanseníase, a Policlínica Oswaldo Cruz (POC), em Porto Velho, foi o local escolhido nesta quinta-feira (25) para dar início à parte prática da capacitação sobre manejo clínico da doença. A iniciativa teve início na segunda-feira (22) com aulas teóricas e encerra amanhã com a continuação das aulas práticas, no Hospital Santa Marcelina. É direcionada a profissionais que atuam nas equipes de Saúde da Família e unidades de referência do Estado.

Da POC, participam do processo duas médicas, um enfermeiro e três técnicos de enfermagem. Entre eles, a médica Kazue Narahashi que há cerca de 20 anos atende casos de hanseníase. ‘‘Esse é um treinamento muito importante até porque a hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução muito lenta e que na fase inicial não incomoda. Além disso, é uma doença que ainda gera preconceito, mas tem tratamento e cura, esconder por quê?’’.

De acordo com o enfermeiro Wanderlei Ruffato, por ser um centro de referência em hanseníase, a POC atende pacientes de todo o Estado. São cerca de 400 pacientes atendidos por mês, a maioria por reações hansênicas e sequelas. Já quanto à quantidade de ativos para tratamento com hanseníase, a policlínica registra 56 pacientes.

Enfermeiro Wanderlei Ruffato destaca que pacientes são atendidos por equipe multiprofissional na POC

‘‘São casos de difícil diagnóstico, em menores de 15 anos, recidiva clínica, reações hansênicas graves e hanseníase predominantemente neural’’, explica. O paciente quando encaminhado da Atenção Básica para a POC é atendimento por uma equipe multiprofissional composta por médicos dermatologistas, médico infectologista, ortopedistas para avaliação pré e pós-operatória, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

‘‘É importante os profissionais de Atenção Básica e, até mesmo, os que são de centros de referência dos municípios estarem conosco para verificar como funciona o processo. Aqui, onde se recebe o maior número de pacientes e consequentemente se tem um leque maior de situações clínicas. Na POC é feito o atendimento laboratorial e no Santa Marcelina as internações dos casos graves e também a parte cirúrgica e de reabilitação’’, conta.

Para a gerente técnica da Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Arlete Baldez, a capacitação serve não apenas para aperfeiçoar o trabalho realizado na policlínica, mas também em promover uma descentralização do atendimento no Estado com qualidade.

‘‘Essa capacitação casa dois momentos que é o teórico e o prático, onde os profissionais aprendem o passo a passo de como fazer o diagnóstico, tratar corretamente, avaliar toda parte genética e epidemiológica e isso dá segurança aos profissionais ao retornarem para seus municípios a assumirem os pacientes da sua área, garantindo a eles uma atenção integral, continuada e de qualidade’’, considera Arlete.

PRÁTICAS CORRETAS

POC é referência estadual em hanseníase e atende cerca de 400 paciente por mês,  a maioria a maioria por reações hansênicas e sequelas

A capacitação conta com instruções e recomendações dos colaboradores do Ministério da Saúde, o médico dermatologista e hansenologista, Jaison Antônio Barreto, do Instituto Lauro de Souza Lima(ILSL), centro de referência para a América Latina, localizado em Bauru (SP) e da enfermeira da Vigilância Epidemiológica do estado do Maranhão, mestre em Saúde e Ambiente, Sônia Maria Ferreira da Silva Serra.

‘‘Estamos aplicando os conhecimentos que foram adquiridos na teoria, fazendo a demonstração de como fazer o diagnóstico, em como fazer a avaliação em incapacidade e de como acolher o paciente’’, pontua o hansenologista.

Com a contribuição de pacientes atendidos pela POC que relataram seus casos, o hansenologista explicou as técnicas corretas de diagnóstico da doença aos profissionais de saúde do Estado e municípios. ‘‘Hanseníase não é uma questão de manchas, mas de comprometimento neurológico periférico’’, afirma.

O médico orientou ainda aos profissionais que iniciem a avaliação clínica questionando ao paciente sobre o histórico familiar da doença e se sentem sintomas como câimbra, formigamento ou diminuição da sensibilidade.

‘‘A hanseníase nem sempre está na cara, é preciso investigar, achar a fonte que na maioria das vezes é intradoméstica, ou seja, há outras pessoas na família com essa doença’’, esclarece o médico.

Capacitação deve contribuir para a descentralização do atendimento aos pacientes com hanseníase em Rondônia

Existem duas condições para a transmissão: a exposição crônica e a predisposição genética. Além disso, é uma doença que apresenta longo período de incubação, ou seja, tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. O médico também chamou a atenção para a grande quantidade de resultados falsos negativos e orienta que a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de hanseníase.

O mais importante é esclarecer que a doença ainda carregada de preconceito tem cura. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em referências. Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento pode durar de seis meses a dois anos, dependendo do estágio e forma da doença.

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